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Natura medio

Meio Ambiente: fichamentos / clippings / recortes de não-ficção. Nonfiction Litblog.

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Maconha recreativa nos 🇺🇸 EUA: motivos das legalizações / Superinteressante

Brian Hagenbuch. uper Interessante, edição especial "A Revolução da Maconha: o mundo começou a ver a planta de outro jeito. Entenda por quê.", 2014. Artigo "Os pioneiros: saiba como iniciativas populares conseguiram reverter a proibição da maconha em dois Estados nos EUA, principal defensor das políticas de drogas focadas na repressão".

Nos EUA, o processo que levou à legalização foi o oposto do que aconteceu no Uruguai. No país latino-americano, a política mudou por iniciativa do governo federal e contra a maioria da opinião pública. Nos dois Estados norte-americanos [Washington e Colorado] as leis foram criadas por vontade popular. Ativistas redigiram projetos de lei e recolheram as assinaturas necessárias para levá-los à votação por plebiscito. E conseguiram aprová-lo com muito trabalho e graças a uma mudança (e tanto!) no ponto de vista da população de todo o país sobre a maconha: nos anos 80, o apoio público à legalização nos EUA era de cerca de 20%, segundo o Instituto de pesquisas Gallup. Em 2012, ano da eleição [e dos plebiscitos], o apoio nacional à medida já era de 48% e, no ano passado [2013], esse índice chegou ao auge de 58%.

Mas o que impulsionou uma mudança tão rápida da opinião pública em relação à cannabis? Nos EUA, não havia uma crise de segurança como a que motivou a regulação no Uruguai. O tráfico de maconha (e de outras drogas) faz suas vítimas fora do país -- no México, principalmente. Para os ativistas, o que mudou o ponto de vista das pessoas foi a aprovação do uso medicinal da droga, que emplacou em 19 Estados e no distrito federal -- começando pela Califórnia, em 1996.

[...]

O uso medicinal afetou especialmente a saúde -- e a opinião -- dos eleitores mais velhos. Muitos deles passaram a tratar dores e doenças com maconha, e o medo e a incompreensão associados à droga começaram a desaparecer.

[...]

Washington e Colorado já tinham aprovado leis de maconha medicinal em 1998 e 2000, respectivamente. Essa experiência prévia também foi importante, de outro modo: Mostramos às pessoas que era possível regular o mercado medicinal de modo estrito e bem-sucedido. Isso fez uma grande diferença para aprovar a ideia de fazer o mesmo com o mercado recreativo, diz o advogado Brian Vicente, que redigiu parte da Emenda 64, no Colorado.

🧠 Depressão ∨ ansiedade: causas internas ∨ externas / Fiocruz

Fernando Tenório, psiquiatra e escritor. Meu paciente favorito. Pós-Tudo. RADIS nº 204, de setembro de 2019. Fundação Fiocruz.

Cada médico tem seu paciente favorito. Negar isso é mentir para si próprio. Admito que o meu paciente favorito é um homem entre 50 e 60 anos com um humor ácido. Ele vem ao meu consultório há dois anos, mas nunca topou tomar medicação. Na primeira vez, após uma longa conversa, fiz essa proposta e quase apanhei. O homem saiu valente e prometeu nunca mais voltar.

No mês seguinte lá estava ele uma hora antes do combinado na recepção. E assim foi até bem pouco tempo, pois meu paciente favorito nunca confirmava sua ida, dizendo que não via necessidade em ir, mas estava presente uma hora antes do horário combinado no dia marcado. Eu passei a escutá-lo mais e vez por outra falava tangenciando sobre uma medicação quando o seu discurso autorizava, porém era repelido imediatamente.

Quando eu lhe perguntava como estava a vida, ele me respondia: Tão bagunçada quanto o seu cabelo. Quando a arguição partia para sua vida sentimental, ele me respondia: O senhor tem partes com cartomantes e apresentadores de programas que gostam de juntar casais. Eu aceitava esse humor cítrico de bom grado e vez por outra retrucava na mesma moeda.

Seguimos então até o mês de maio, quando ele adentrou minha sala com barba por fazer, cara de quem não dormia há várias noites e me intimou: Me dá a merda do teu remédio que eu não vou bem. Depois de dois anos, ele decidiu que aquele era o seu momento. Perguntei a ele o que seria não estar bem. A resposta veio na lata: Quem não está bem só pode estar mal. Coloca um remédio logo antes que eu me arrependa. Depois dessas respostas atravessadas o homem falava sobre seu emprego sem estabilidade, das contas que não param de subir, dos dilemas com uma filha mais nova e sua desesperança em relação ao futuro.

Ontem o camarada voltou e eu questionei se ele havia melhorado. A resposta foi sumária: Eu continuo me lascando, só que agora sem chorar.

Fiquei tonto com a resposta.

  • É possível tratar uma doença que se manifesta num sujeito, mas que surge pelas condições socioculturais que o circundam?
  • Até que ponto os quadros depressivos e ansiosos são doenças propriamente ditas?
  • Seriam eles manifestações individuais de uma crise sistêmica e estrutural da maneira como vivemos e nos relacionamos?

[...]

Tenho repensado muito a minha prática a partir dessas reflexões. Caso não faça isso, virarei um simples prescritor. Quiçá um traficante de drogas legais. Ser médico vai além de saber medicar. Ontem, quando meu paciente saiu, eu falei que havia aprendido muito com a sinceridade dele. A sua resposta foi assim: Então na próxima o senhor me paga a consulta ao invés de eu te pagar. Ando com umas contas atrasadas e vai ser de grande valia. Sorrimos juntos e eu pude perceber que não foi o remédio o responsável por isso.

Maconha recreativa no 🇺🇾 Uruguai. Legalização. Precedentes e objetivo. / Superinteressante

Tarso Araujo, de Montevidéu. Super Interessante, edição especial "A Revolução da Maconha: o mundo começou a ver a planta de outro jeito. Entenda por quê.", 2014. Artigo "O começo do Fim: Primeiro país do mundo a ter um mercado legal de compra e venda de maconha, Uruguai pode servir de exemplo para uma reviravolta nas políticas globais de drogas."

Ao longo da década de 2000, a disputa entre os cartéis mexicanos por rotas de drogas para os EUA se acirrou. Os traficantes colombianos passaram então a diversificar suas rotas de distribuição na América do Sul, para fazer sua cocaína chegar à Europa. A passagem -- e o consumo -- de derivados de coca aumentou em todo o continente, inclusive no Uruguai. [...] Daí surgiram os "ajustes de cuentas", com execuções à luz do dia. A novidade assusta os pacatos uruguaios, que antes só viam coisas assim nos jornais brasileiros. [...] Em vários aspectos, o fenômeno é parecido com o que aconteceu em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo nos anos 80 e 90, quando surgiram fações como Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital, respectivamente.

[...]

A [legalização da maconha no Uruguai] começou a tomar forma no primeiro semestre de 2012, no meio de uma onda inédita de violência: várias execuções ligadas a disputas por pontos de venda de drogas ou a dívidas entre traficantes aconteceram em Montevidéu. De janeiro a abril, o número de assassinatos aumentou 60% em relação ao mesmo período do ano anterior. O motivo mais comum eram os "ajustes de cuentas" (29%). Apesar de o país ter o segundo menor índice de homicídios do continente -- só perde para o Chile --, os casos criavam uma sensação de insegurança generalizada.

O governo tinha que tomar uma atitude, mas ninguém esperava tanta ousadia: o presidente José "Pepe" Mujica convocou uma coletiva de imprensa e anunciou, entre outras medidas, que o Poder Executivo encaminharia ao Congresso um projeto para regulamentar a maconha e diminuir o poder do tráfico, que tem na cannabis sua principal fonte de receita. A ideia surgiu numa longa reunião de Mujica com seus ministros mais próximos. A primeira pessoa a pronunciá-la foi o ministro da Defesa, Eleutério Fernandéz Huidobro. E convenceu todos os presentes.

[...]

Enfraquecer os traficantes é um objetivo básico da lei, mas ela também pretende reduzir os danos associados ao consumo. Por exemplo, separando os mercados de erva e pasta base, muito mais viciante e perigosa. "Hoje o sujeito vai à boca comprar maconha, o traficante lhe diz que não tem, mesmo quando tem, e lhe oferece pasta. Vamos acabar com isso", diz o coordenador de prevenção da Junta Nacional de Drogas, Augusto Vitale.

Colapso ecológico ∈ Vale do Rio Indo / Planeta

Revista Planeta nº 497, de abril de 2014. Artigo Dois séculos de seca.

Uma mudança climática foi responsável pelo declínio das antigas megacidades do vale do Rio Indo, entre [o Afeganistão] o Paquistão e a Índia, segundo cientistas britânicos e indianos que anunciaram a pesquisa na revista [científica] Geology de fevereiro [de 2014]. Ao examinar cascas de caracóis depositadas no leito de um lago seco próximo ao limite oriental da bacia do Indo, os pesquisadores descobriram que uma série de fortes secas afetou a região durante 200 anos, entre 2100 a.C. e 1900 a.C. Cidades como Harappa e Mohenjo-daro, com cinco séculos de história e mais de 100 mil habitantes [somando-se as duas cidades], não resistiram às transformações e entraram em colapso.

Imperialismo de Volta... Para o Futuro / Você RH

Roman Krznaric, Como Ser um Bom Ancestral, editora Zahar. apud Você RH nº 75, de agosto/setembro de 2021. Na Estante. Legado para o Amanhã: em novo livro, o historiador e filósofo Roman Krznaric debate por que precisamos urgentemente desenvolver um pensamento de longo prazo para criar sociedades sustentáveis.

Colonizamos o futuro. Tratamos o futuro como um posto avançado colonial distante, desprovido de pessoas, onde podemos despejar livremente degradação ecológica, risco tecnológico e lixo nuclear, e que podemos saquear à vontade. Quando a Grã-Bretanha colonizou a Austrália nos séculos 18 e 19, ela se valeu de uma doutrina legal hoje conhecida como terra nullius — terra de ninguém — para justificar sua conquista e tratar a população nativa como se ela não existisse ou tivesse quaisquer direitos sobre a terra. Hoje nossa atitude social é de tempus nullius: o futuro é visto como “tempo de ninguém”, um território não reivindicado que é similarmente desprovido de habitantes e que está à disposição, como os domínios distantes de um império. Assim como os nativos australianos ainda lutam contra o legado de terra nullius, há também uma luta a ser travada contra o tempus nullius.

A tragédia é que as gerações ainda não nascidas nada podem fazer com relação a essa pilhagem colonialista de seu futuro. Elas não podem se jogar na frente do cavalo do rei como uma sufragista, bloquear uma ponte no Alabama como um defensor dos direitos civis ou empreender uma Marcha do Sal para desafiar seus opressores coloniais como fez Mahatma Gandhi. Não possuem nenhum direito político ou representação, não têm nenhuma influência nas urnas ou no mercado. A grande maioria silenciosa das futuras gerações fica impotente e é apagada de nossa mente.

🗑️ Lixo: coleta pneumática ∈ 🇪🇸 Barcelona / Planeta

Camilo Gomide. Revista Planeta nº 495, de fevereiro de 2014. Artigo Cidades Prazerosas: Enquanto países engatinham na elaboração de agendas nacionais sustentáveis, cidades como Copenhague, Viena, Londres e Melbourne criam modelos locais eficientes e prazerosos para os cidadãos e reduzem cada vez mais os impactos ambientais.

Na década de 1990, quando Barcelona passava por reformas para sediar a Olimpíada de 1992, foi instalado um moderno sistema subterrâneo de coleta de lixo na cidade. Hoje, são mais de 1,5 mil comportas espalhadas pelas ruas e praças, nas quais as pessoas podem jogar o lixo orgânico e o não reciclável. É confortável e funciona como um relógio.

Nesses compartimentos, os dejetos caem em tubulações abaixo do solo e são impulsionados por turbinas, à velocidade de 80 km/h, por 35 km, até os centros de processamento. Dali, o lixo orgânico segue para centrais de compostagem e o lixo não reciclável vai para usinas de metanização, onde é decomposto em metano e dióxido de carbono.

Há também caminhões que coletam o lixo reciclável nos contêineres de coleta seletiva, espalhados por praticamente toda a cidade, e o levam às centrais de reciclagem. A prefeitura oferece pontos para o recolhimento de óleo de cozinha, baterias, peças de computadores e outros resíduos contaminantes.

🍽️ Ortorexia = obsessão por comida saudável

Marina Kuzuyabu, revista Planeta nº 499, de junho de 2014. Artigo Paranoia Alimentar - Por que um ato trivial como o de decidir o que comer, virou algo tão incrivelmente complexo ao longo dos últimos anos?

Quando a preocupação em evitar alimentos que possam fazer algum mal ao organismo se torna uma ideia fixa, instala-se a ortorexia (termo derivado do grego “orthos”, que significa correto, e “orexsis”, que significa fome) – a obsessão pela alimentação saudável. O distúrbio ainda não é reconhecido oficialmente como um transtorno alimentar, mas já é acompanhado pelos especialistas e tem até sintomas descritos. De acordo com Alexandre Azevedo, o problema foi relatado pelo médico norte-americano Steve Bratman, em 1997, e diz respeito à necessidade rigorosa de seguir uma dieta seletiva e considerada saudável. Só que essa necessidade de selecionar os alimentos ganha uma proporção obsessiva, tornando-se uma fixação, diz.

Nada contra a ecologia e o consumo consciente, muito pelo contrário. Mas atenção para indivíduos que querem ter absoluto controle sobre a procedência dos alimentos, desde o plantio ou a industrialização até a maneira como foi manipulado e preparado. Não é incomum que ortoréxicos se afastem dos amigos e da família para evitar contato com alimentos que não consideram adequados. Ou que acabem aderindo a alguma dieta radical obscura.

⚔️ Guerra Civil do 🇨🇩 Congo ∩ componentes eletrônicos

Revista Planeta, edição nº 499, de junho de 2014. Artigo A Guerra do Coltan.

Um minério pouco conhecido ajuda a explicar a guerra civil que devasta a República Democrática do Congo desde 1998, com quase 6 milhões de mortos – a chamada “Grande Guerra Africana”. Apelidado de “ouro cinzento”, o coltan – abreviatura de columbita e tantalita – contém nióbio e tântalo, usados em aparelhos eletrônicos, como celulares e GPS. O subsolo do Congo tem ouro, cobalto, cobre, diamante e 64% das reservas mundiais do coltan, mas o país quase não desfruta dessas riquezas. A maioria das minas está na região oriental, onde o Exército combate rebeldes apoiados pelas vizinhas Ruanda, Uganda e Burundi. Esses três países foram acusados de contrabandear coltan congolês pelo Conselho de Segurança da ONU – que enviou tropas para a região [...].

O minério é extraído artesanalmente, sob controle de dezenas de milícias armadas diferentes. A operação gera recursos a garimpeiros e ex-agricultores que [em 2014 ganhavam] até US$50 por semana, cinco vezes mais do que obteriam no cultivo. Entretanto, a extração está erodindo a terra e poluindo lagos e rios, além de intensificar a matança de gorilas usados para alimentar mineradores. Cerca de 125 empresas globais [em 2014 estavam] ligadas ao coltan do Congo, segundo a ONU. Por causa da ilegalidade da extração, muitas, como a Cabot Corp., já procuram outras fontes do minério. Mas boa parte persiste sustentando a prática predatória.

Drogas mais usadas no mundo: total de usuários, risco de dependência / Superinteressante

Donde se demonstra que a criminalização de uma droga não se baseia no risco de dependência (perigo à saúde).

Total de usuários

Tarso Araujo. Superinteressante, edição especial "A Revolução da Maconha: o mundo começou a ver a planta de outro jeito. Entenda por quê.", 2014. Artigo "Nos Quatro Cantos: apesar de proibida há mais de 50 anos, a Maconha é produzida e consumida em quase todo o mundo"
Total de usuários de cada droga ilícita no mundo (em milhões)
Maconha 180
Anfetaminas 34
Opioides* 32
Ecstasy 19
Cocaína e Crack 17
Opiáceos* 16
Tabela 1.

* Opiáceos são o ópio e seus derivados naturais (morfina e Heroína). Opioides também incluem medicamentos sintéticos que imitam a ação dos opiáceos.

Risco de dependência

Carol Castro. Superinteressante, edição especial "A Revolução da Maconha: o mundo começou a ver a planta de outro jeito. Entenda por quê.", 2014. Artigo "Mitologia Canábica: nem tudo que se diz por aí sobre os males da Maconha para a saúde é verdade. Saiba o que diz a ciência sobre algumas das afirmações mais comuns - e falsas - sobre a erva".
Risco de dependência de algumas drogas lícitas e ilícitas
Maconha 9%
Anfetaminas 11%
Álcool 15%
Cocaína 17%
Heroína 23%
Nicotina 32%
Tabela 2.

🗑️ Lixo: matéria-prima ∧ ¬produto / Planeta

Renata Valério de Mesquita. Revista Planeta nº 502, de setembro de 2014. Artigo Jogue Dinheiro no Lixo.
Combustível Derivado de Resíduo

Uma parte dos desperdícios encaminhados para o Aterro de Paulínia (SP), da empresa Estre Ambiental, passa por uma seqüência de separações mecânicas e segue para um maquinário importado da Finlândia, único na América Latina. Apelidado de “tiranossauro”, seu sistema de trituração reduz um sofá a pedaços menores de seis centímetros. O resultado final é um massa de alto poder inflamável capaz de substituir combustíveis fósseis (como carvão e madeira), usada em caldeiras da indústria de cimento.

Com capacidade para gerar até sete mil toneladas por mês de CDR, o tiranossauro não só vai gerar novos ingressos para a empresa, como estender a vida útil do seu aterro que deixa de receber esses volumes diários de resíduos. A valorização do resíduo é uma mudança de paradigma que está acontecendo agora. Seu benefício ambiental é claro e transforma custo em rendimento.

☞ Leia mais sobre Combustível Derivado de Resíduo no site da Estre Ambiental.

Eletricidade a partir do Biogás

Em meados de agosto [de 2014], a Estre inaugurou, na unidade de Guatapará (SP), uma usina de energia elétrica por biogás, a primeira das dez planejadas até 2017. Com capacidade para gerar 3 mil megawatts por hora (MWh), a planta pode abastecer uma cidade de 18 mil habitantes.

☞ Leia mais sobre conversão de biogás em eletricidade no site da Estre Ambiental.

A Biogás Energia Ambiental, que já atua no mercado há dez anos, tem hoje as usinas de Gramacho, no Rio de Janeiro, e São João e Bandeirantes, ambas em São Paulo. A São João, em São Miguel, opera no limite máximo de geração, 20 MWh (gerando energia para 150 mil habitantes). A usina extrai gás do aterro de mesmo nome – que recebeu 28 milhões de toneladas de resíduos até ser fechado em 2009, e vai gerar metano por de duas décadas – e da Central de Tratamento de Resíduos Leste (CTL), aberta em 2010 logo ao lado, também na estrada do Sapopemba.

Enquanto aguarda a construção do gasoduto que ligará o Aterro Dois Arcos, em São Pedro da Aldeia (RJ), à rede da Companhia Estadual de Gás do Rio de Janeiro (CEG-Rio), previsto para 2015, a Usina de Tratamento de Biogás dará outro fim para o biogás. Além de comprimir e entregar o gás gerado a um consumidor industrial, vai usá-lo como gás natural veicular (GNV) na sua frota de carros e caminhões de lixo. Os oito municípios da Região dos Lagos, atendidos pelo aterro, representam melhor a realidade do mercado de lixo brasileira do que as grandes capitais do país.

☞ Leia mais sobre a Usina de Biogás do Aterro Dois Arcos no site da Ecometano.

Construção civil

Embora se possa aproveitar de diferentes formas o gás dos aterros, é crucial fazer cada vez mais materiais retornarem à cadeia de produção. Constituído em 2007, o Consórcio Pró-Sinos, que reúne 27 dos 32 municípios da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (RS) – onde vivem 1,7 milhão de pessoas – apostou em outra solução para outro grande problema ambiental: construiu uma usina de beneficiamento de resíduos da construção civil, em São Leopoldo. A construção civil é o maior gerador de lixo da economia moderna.

O entulho levado para lá é processado para se tornar brita, areia reciclada, bica corrida (brita com granulação maior) e material para aterro. O produto mais barato é a areia, que custa[va, em 2014] R$ 28 por metro cúbico para particulares, R$ 24 para municípios em geral e R$ 20 para municípios associados. Desde que a usina entrou em operação, em dezembro de 2013, o consórcio recebe 16% do faturamento da empresa que ganhou a concessão de 20 anos do negócio.

☞ Leia mais sobre a Usina de RCC no site do Consórcio Pró-Sinos.

Compostagem: biofertilizantes

A compostagem transforma os restos orgânicos em biofertilizantes e é indicada para municípios pequenos, pelo tipo de lixo que geram e pela maior demanda por adubo. Segundo Kozerski, isso não traz lucro direto, principalmente sem bioaceleradores e biodigestores (tecnologias mais novas nessa área), mas aumenta a vida útil do aterro e sobretudo o retorno do investimento feito nele. Outra forma de estender a vida útil do aterro é fazer uma boa coleta seletiva para reciclagem, porque assim as prefeituras podem levar menos coisa ao aterro e reduzir seus gastos com transporte.

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